Mortalidade infantil aumentará pela 1ª vez neste século, diz relatório

A mortalidade infantil deverá registrar um aumento pela primeira vez em 25 anos, segundo dados do relatório Goalkeepers, da Fundação Gates, o que implica um retrocesso significativo nos esforços globais para melhorar a saúde e o bem-estar das crianças. Estima-se que cerca de 200 mil crianças a mais provavelmente morrerão em 2025 antes de completarem 5 anos de idade, em comparação com 2024, revertendo uma tendência de queda que vinha sendo observada desde 2000. Esse aumento na mortalidade infantil é um sinal de alerta para a comunidade global, especialmente considerando que o número de mortes infantis estava em declínio, diminuindo quase pela metade desde o início do século. A mudança nesse cenário está diretamente relacionada aos cortes na ajuda internacional, uma vez que a assistência global ao desenvolvimento na saúde caiu aproximadamente 27% em comparação com 2024.

Os cortes na ajuda internacional, que começaram com decisões governamentais em países como os Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido, têm um impacto direto na capacidade dos sistemas de saúde de países em desenvolvimento de fornecer cuidados adequados às suas populações. A redução na assistência global para o desenvolvimento da saúde não apenas afeta a prevenção e tratamento de doenças específicas, mas também compromete a infraestrutura de saúde como um todo, incluindo a formação de profissionais de saúde, a disponibilidade de medicamentos essenciais e a manutenção de unidades de saúde. Além disso, problemas como a dívida pública e a fragilidade dos sistemas de saúde também contribuem para o aumento da mortalidade infantil, criando um ciclo vicioso que é difícil de ser revertido sem um compromisso renovado com a ajuda internacional e o investimento em saúde. A dívida pública, por exemplo, pode levar governos a reduzir gastos em áreas consideradas não essenciais, como a saúde, apenas para descobrir que esses cortes têm consequências devastadoras a longo prazo.

O relatório da Fundação Gates alerta que, se os cortes no investimento não forem revertidos, o número de mortes infantis poderá aumentar significativamente nos próximos anos, resultando em entre 12 e 16 milhões de mortes infantis a mais até 2045. Esse cenário sombrio destaca a importância de uma ação coordenada e imediata para reverter essa tendência. A comunidade internacional precisa reconhecer o valor do investimento em saúde, não apenas como uma questão humanitária, mas também como um investimento no futuro das nações. Investir em saúde é investir no desenvolvimento econômico, na estabilidade social e na segurança global. É fundamental que governos, organizações internacionais e a sociedade civil trabalhem juntos para garantir que a saúde das crianças e de todas as populações vulneráveis seja uma prioridade absoluta, revertendo os cortes na ajuda internacional e fortalecendo os sistemas de saúde em todo o mundo.

A reversão dessa tendência de aumento na mortalidade infantil requer uma abordagem multifacetada, que inclua não apenas o aumento da assistência financeira, mas também a melhoria da governança, a capacitação de profissionais de saúde e a implementação de políticas de saúde baseadas em evidências. Além disso, é crucial abordar as condições socioeconômicas subjacentes que contribuem para a vulnerabilidade das populações, como a pobreza, a desigualdade e o acesso limitado à educação e aos serviços básicos. Somente através de um esforço coordenado e sustentado é que podemos esperar reverter o atual aumento na mortalidade infantil e retomar o caminho hacia um futuro onde todas as crianças tenham a oportunidade de crescer e se desenvolver de forma saudável.