O incrível disco ao vivo que o Iron Maiden demorou 20 anos para lançar
Em 2022, a Iron Maiden lançou um relançamento comemorativo de “Beast over Hammersmith” em formato LP, completando assim a trajetória desse registro que, embora gravado em 1982, só chegou ao público em 2002 como faixa de áudio na caixa “Eddie’s Archive”. O material corresponde a um show em Londres, realizado dois dias antes do lançamento de The Number of the Beast, e representa a última apresentação com o baterista Clive Burr e a primeira turnê de Bruce Dickinson ao lado da banda. A novidade foi bem recebida por colecionadores e críticos, pois oferece uma janela sonora para um dos momentos mais intensos da história do heavy metal, preservando a energia bruta que caracterizou a formação inicial do grupo.
O contexto artístico de “Beast over Hammersmith” se insere no auge da década de 1980, quando a Iron Maiden consolidava sua presença global. A banda já havia registrado dois DVDs ao vivo clássicos, Maiden Japan (1981) e Live After Death (1985), e continuava a ampliar o catálogo com compilações como Rock in Rio (2002). O setlist do show inclui hinos emblemáticos de seus três primeiros álbuns de estúdio: “Iron Maiden”, “Phantom of the Opera”, “Wrathchild”, “Killers”, “22 Acacia Avenue”, “Run to the Hills”, “The Number of the Beast” e “Hallowed Be Thy Name”. Esses títulos foram executados com a energia característica de um show de abertura de um festival, destacando a habilidade técnica de Steve Harris na guitarra e o poder vocal de Dickinson. A presença de Clive Burr acrescenta um caráter histórico, já que ele foi demitido no fim da turnê.
A produção do áudio foi feita pelos mesmos profissionais que capturaram o som da banda em outras gravações ao vivo, garantindo fidelidade ao timbre original. O lançamento de 2002 dentro da caixa “Eddie’s Archive” incluiu seis discos contendo material raro e de alta qualidade, o que reforçou o valor de “Beast over Hammersmith” como item de colecionador. Em 2022, a edição em vinil trouxe ainda um toque de nostalgia, alinhando-se à tendência de revigoramento de formatos analógicos no mercado musical contemporâneo. Embora o vídeo completo nunca tenha sido disponibilizado — a razão citada pelo baixista Steve Harris é a falta de iluminação adequada devido à má escolha de profissionais de filmagem —, o áudio permanece um registro fiel do momento, permitindo aos ouvintes experimentar a atmosfera do palco de Hammersmith.
A trajetória de “Beast over Hammersmith” demonstra como um material pode permanecer em reserva por duas décadas e ainda assim manter relevância. O registro serve como documento histórico, revelando a evolução da performance ao vivo da Iron Maiden e oferecendo aos fãs uma experiência auditiva que complementa a narrativa de sua ascensão no cenário do metal. A decisão de lançar em áudio primeiro e, posteriormente, em vinil, reflete estratégias de marketing que visam atender a diferentes segmentos de mercado, desde colecionadores que buscam formatos físicos raros até ouvintes que valorizam a qualidade sonora em formatos modernos. Assim, o disco ao vivo permanece como um marco dentro da discografia da banda, reafirmando a importância de preservar e revisitar momentos cruciais na trajetória musical de ícones do gênero.